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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Postagem do FC Gols: "Olhar tático: Reformulações e modernidade em contraste aos erros do Brasil em Londres"



Ao mesmo tempo que a cada quatro anos o Brasil disputa a Copa do Mundo - para o futebol masculino competição mais relevante que as Olimpíadas - levando nas costas o peso de maior detentor de títulos, a cada quatro a "mesma" seleção entra em campo para disputar os Jogos Olímpicos, mas com o peso de tentar o título inédito.

Esse ano, em Londres, a pressão e o contexto eram ainda mais fortes e significativos já que em processo de renovação a base da seleção principal esteve na disputa da medalha de ouro. Ela não veio. 

Ao contrário de muitos não gostei da campanha canarinha. Pra mim, o Brasil foi bem em certos momentos da primeira fase, mas foi desorganizado, oscilante, não soube combinar solidez defensiva, marcação por pressão e dinâmica de jogo. O time mostrou bons pontos individuais ao longo da competição (seis gols de Damião, sete assistências de Neymar e Oscar juntos, segurança de Thiago Silva), mas coletivamente não convenceu.

A má fase de Sandro, as limitações de Juan, as fragilidades de Gabriel (e Neto) e a insegurança de Rafael foram questões que dificultaram as atuações brasileiras e são nomes que cabem avaliações se devem ou não continuarem na Seleção.

Pra mim, porém, o Brasil não falhou apenas nas Olimpíadas especialmente, mas tem falhado no que diz respeito a tal renovação pregada por Mano. 

Em termos técnicos (e inúteis) "renovar" significa "tornar novo". Só se "torna novo" o que é/está velho ou desatualizado. A velha mania de dividir o meio-campo (setor de inteligência e de raciocínio no futebol) entre marcadores e criadores é desatualização!

Formação das quatro primeiras partidas e de parte da final: 4-2-3-1 com dupla de volantes essencialmente marcadora prejudicando a saída de bola e a dinâmica no meio campo, além das más atuações de Sandro e Juan

O Brasil não pode se estagnar nessa velha e pitoresca filosofia. 

A coordenação e compactação dos setores, movimentação intensa no quarteto ofensivo, qualificação da saída de bola e dinamismo no meio-campo são mudanças essenciais e urgentes para uma Seleção em processo de "renovação"!

A modernidade do futebol não nos permite mais a essas caducidades. Queremos ser caducos ou modernos? Se a ideia é renovar, talvez estejamos no caminho errado. 

Talvez a derrota sirva de lição. O momento é para refletirmos nos conceitos, métodos e na formação da Seleção (não vou me aprofundar em questões como gestão e organização do futebol nacional). Temo, porém, que recorram a solução simplista de trocar o comando técnico. Não resolveria, até mesmo que os nomes prováveis (Muricy e Felipão) seria regressão.

Ao contrário do que muitos dizem o futebol moderno não "proíbe" o uso de atacantes de área. "Proíbe" o uso de volantes grotescos, grandes e limitados à marcação. Jogadores como Paulinho, Hernanes, Fernando (Porto) e, talvez até, Arouca são boas opções de volantes leves e que não se prendem unicamente à marcação.

Dica do Luiz: Brasil montado em 4-2-3-1, mas com zaga mais sólida, laterais mais seguros e dupla de volantes (Hernanes e Fernando, do Porto) mais leve e solta, qualificando a saída de bola e agilizando as manobras ofensivas

É, apenas, uma representação do que considero modelo ideal para a Seleção. Sem volantes presos à marcação, com saída de bola qualificada (problema seríssimo e visível em Londres) e dinamismo entre os meias o Brasil já teria outra cara. Isso somado a linhas mais compactas, setores mais coordenados e marcação por pressão.

Alemanha 2012: Ótimo exemplo de 4-2-3-1 dinâmico e moderno com quarteto agudo e ágil e dupla de 'volantes-meias' com mais liberdade, também usado no Real Madrid e no Bayern de Munique

A Alemanha é uma das seleções que tem encantado o mundo com um futebol moderno e objetivo firmado na qualidade técnica dos seus 'volantes-meias' Khedira e Schweinsteiger. Foi assim que a seleção germânica bateu a Holanda (na Euro) dos limitados volantes Van Bommel e De Jong.

Já seria um rumo para a Seleção. Mas não deve se limitar à teoria.

A derrota do Santos para o Barcelona há quase oito meses foi uma lição. O futebol de Alemanha e Espanha na Euro também. O fracasso em Londres é mais uma oportunidade.

Exemplos não vão faltar nas minhas pranchetas. Mas pranchetas só representam os exemplos bons, ruins e os planos a serem postos em prática. Não somos mais os detentores do talento que resolve tudo. Temos que reconhecer nossa posição atual e aprender com quem ensina.

O momento é para se refletir sobre os conceitos, métodos e ideais do futebol brasileiro para evitarmos a estagnação e nos mantermos vivos para o que realmente importa: 2014.

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